Uma projeção divulgada pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) aponta que o segmento de alimentos e bebidas deve crescer 3% em vendas no atual ano. A expectativa considera uma recuperação econômica gradual do país, diretamente relacionada à capacidade de vacinação da população brasileira.
Essa projeção caminha com os resultados do ano passado, que apesar de terem sido impactados pela Covid-19, apresentaram crescimento, impulsionados principalmente pelas vendas através do e-commerce.
Dados de um estudo realizado pela Synapcom, empresa que desenvolve projetos para e-commerce, apontaram que no primeiro semestre de 2020, a comercialização online de alimentos e bebidas acelerou 105%.
“O canal digital (e-commerce e delivery por aplicativos) foi a grande aposta do setor, uma vez que o consumidor precisou permanecer em casa. Assim, o crescimento das vendas de se deu no online”, Cristiane Foja, presidente-executiva da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe).
Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) a indústria registrou crescimento de 12,8% em relação a seus ganhos no ano de 2019. O faturamento do setor ficou em cerca de R$ 790 bilhões.
“Isso consolida o setor de produção de alimentos e bebidas do Brasil como o setor mais importante da economia brasileira, representando 10,5% do PIB nacional”, afirma o presidente-executivo da ABIA, João Dornellas.
Ainda de acordo com os dados divulgados pelo estudo da associação, as vendas no varejo e nos supermercados fecharam 2020 com alta de 16% em relação ao ano anterior. No mercado externo, o aumento das vendas foi de 11% na comparação anual. O montante ficou em US$ 38,2 bilhões no ano passado contra US$ 34,2 bilhões em 2019.
Em relação as bebidas alcoólicas, a presidente da Abrabe fez questão de ressaltar os impactos das medidas restritivas nos estabelecimentos. Ela cita a grande baixa registrada no mês de abril do ano passado.
“O distanciamento social, as restrições dos serviços de bares e restaurantes, e a interrupção por tempo indeterminado das atividades de casas noturnas, festas e eventos resultaram em um alto impacto no setor. Na primeira quinzena de abril de 2020, por exemplo, tivemos uma queda média de 71% no faturamento do setor de bebidas alcóolicas, segundo pesquisa encomendada pela Abrabe”, afirma Cristiane Foja.
O presidente da ABIA analisou quais as principais dificuldades que o segmento enfrentou no ano e fez questão de enaltecer a atuação do setor para conseguir crescer mesmo no ano que muitas áreas foram impactadas pela pandemia da Covid-19.
“A indústria de alimentos enfrentou grandes desafios em 2020, principalmente por ser uma atividade essencial e ter a responsabilidade e o compromisso de continuar trabalhando para garantir o abastecimento a toda a população brasileira. Atuando com agilidade e adotando com rigor todos os protocolos de segurança, o setor conseguiu aumentar sua produção e não deixou faltar comida na mesa dos brasileiros” analisa João Dornella.
Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, o crescimento apontado pelo setor pode ser um fator que deixe a indústria confiante para os resultados do atual ano.
“A indústria de alimentos conseguiu cumprir o seu papel de abastecer o país e o mercado internacional, diante do aumento significativo da demanda. Os resultados de 2020 mostraram a eficiência, a qualidade e a resiliência de toda a cadeia produtiva de alimentos do Brasil e nos fortalece para os novos desafios a serem enfrentados em 2021”, destaca a presidente do Conselho Diretor da ABIA, Grazielle Parenti.
Os resultados do setor neste ano devem depender do tempo de duração das medidas restritivas que foram estabelecidas com o agravamento da pandemia no país. Esse cenário apresenta a incerteza para o segmento, já que a previsão de alta passa por uma melhoria no cenário da pandemia, que acarretaria em um possível afrouxamento das medidas restritivas, o que poderia permitir a reabertura de estabelecimentos.
“A segunda onda da pandemia deve imprimir sobre o setor novos impactos, inclusive sobre os canais alternativos de vendas, e o panorama geral dependerá de quanto tempo ainda mais persistirão as medidas restritivas sobre o isolamento social”, analisa Cristiane Foja.